Quanto custou a sexta-feira do Bradesco?
Hoje cedo, o Bradesco ficou indisponível por quase 4 horas. Segunda queda em duas semanas.
Quando algo assim acontece, tem uma pergunta que raramente aparece em público mas que qualquer líder tech deveria fazer sem rodeios: Quanto isso custou?
A conta que quase ninguém faz
Queda em banco não é só dor de cabeça técnica. O estrago se espalha:
1. Custo direto Transações não executadas, tarifas que deixam de entrar, contratos descumpridos.
2. Custo operacional War room cheio, suporte no limite, horas extras, entregas travadas.
3. Custo de reputação Cliente abrindo conta no concorrente, NPS despencando, manchete negativa que fica no Google para sempre.
4. Custo de oportunidade Time todo apagando incêndio em vez de avançar roadmap.
Somando isso tudo e repetindo algumas vezes no ano, o número sempre machuca. Ele só não aparece numa linha clara do orçamento.
O paradoxo da resiliência
A maioria das empresas trata prevenção de forma desigual:
→ O custo de prevenir aparece. Está na planilha, no headcount, na ferramenta que precisa ser renovada.
→ O custo de falhar some da vista. Até o dia em que estoura — e aí o discurso vira "evento imprevisível".
Esse desequilíbrio pesa: engenharia precisa justificar cada investimento em prevenção, mas ninguém precisa justificar o prejuízo de uma queda evitável.
Resiliência não é gasto supérfluo. É proteção contra perdas que quase sempre são maiores do que parecem.
No mercado financeiro, ninguém questiona seguro depois de um incêndio. Mas em tecnologia, curiosamente, muita liderança ainda trata disponibilidade de sistemas críticos como algo "negociável".
A pergunta certa
Não é "quanto custa investir em QA/Resilience?".
É: quanto risco você assume quando não investe?
Um jeito simples de medir
Na próxima discussão de budget, alinhe três números com seu time:
→ Quanto vale uma hora do sistema funcionando? → Quantas horas vocês ficaram indisponíveis nos últimos 12 meses? → Quanto foi investido em prevenção no mesmo período?
Se o prejuízo das quedas for maior que o investimento, não há economia aí. Só risco acumulado.
A pergunta final
Você sabe quanto custa uma hora do seu sistema fora do ar?
Se a resposta for "não", esse é o primeiro item do backlog.

Milson é CEO & Co-founder na Voidr, onde lidera iniciativas de qualidade e automação de testes para sistemas de missão crítica.
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